sábado, 15 de dezembro de 2012

Patalim

"Família que já existia no século XII, pois Lopo Rodrigues Patalim e sua mulher, Mor Pires, instituiram, no ano de 1319, um morgado na freguesia de S. Pedro da cidade de Évora. Ignora-se a origem do apelido, que proveio, certamente, de alcunha. De Lopo Rodrigues e de sua mulher foi filho Rui Lopes Patalim, administrador do vínculo, o qual deixou geração que continuou o apelido.

As armas dos Patalim são: Esquartelado: o primeiro e o quarto de ouro, com quatro faixas de azul; o segundo e o terceiro de vermelho, com um castelo de ouro. Timbre: o castelo do escudo.


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Loronha

"Pretendem alguns autores genealogistas que a família Loronha é diversa da dos Noronhas, afirmando que a mudança de inicial naquela, aparecida posteriormente, foi propositada. Se por um lado se verifica que os Loronhas se chamaram sempre assim, por outro se vê que os linhagistas trocam o N por L com muita facilidade quando tratam dos Noronhas. Alguns linhagistas dão começo a esta família em Martim Afonso de Loronha, que dizem era inglês e passou a Portugal, o que não é crivel, pelo seu nome, de aspecto peninsular. O padre António Soares de Albergaria, consciencioso heraldista do século XVII, informa que a diferença entre Noronhas e Loronhas é que os primeiros eram senhores da vila de Noronha, nas Astúrias, e de que os segundos tomaram o apelido da vila, por terem vindo de lá, mas os Reis portugueses para não haver confusão entre as duas famílias mudaram a esta última o N inicial em L.

Martim Afonso de Loronha foi pai de Fernão de Loronha e de Martim Afonso de Loronha, escrivão do mestrado da Ordem de Cristo. Fernão de Loronha esteve em Inglaterra, de onde trouxe a Carta de brasão de armas novas, dada pelo soberano inglês com meia rosa das armas reais, que ele apresentou a D. Manuel, pedindo autorização para usa-las em Portugal.

O Rei português não atendeu o pedido, mas prometeu por alvará de lembrança, passado a 26 de Agosto de 1506, dar-lhe Carta de armas, nas quais entraria a meia rosa concedida pelo Rei de Inglaterra ou outras quaisquer, o que faria quando algum dos reis de armas estivesse na Corte.

Morreu D. Manuel I sem fazer a mercê e Fernão de Loronha pediu ao D. João III lhe confirmasse por Carta o alvará de seu pai, o que fez a 28 de Junho de 1524.

Este Príncipe, atendendo aos serviços prestados a seu pai e a ele próprio por Fernão de Loronha, o tirou do número geral dos homens e conto plebeu, reduzindo-o ao conto, estima e participação dos nobres fidalgos de limpo sangue e o fez fidalgo de cota de armas, dando-lhe as armas que trouxera de Inglaterra, acrescentadas, o que tudo consta de Carta passada a 3 de Setembro de 1532. Fernão de Loronha foi cavaleiro das Casas de D. Manuel I e D. João III e descobridor da ilha que se chamou de Fernão de Loronha e à qual ele pôs no me de S. João Baptista por a ter achado no dia deste santo, de que o Rei Venturoso lhe fez mercê com grande jurisdição.

O referido padre Soares de Albergaria diz que Fernão de Loronha foi mercador, o que talvez possa explicar a sua estada na Inglaterra, e que conforme achou num escrito se baptizara em pé e que diziam lhe servira de padrinho o Conde de Linhares, D. António de Noronha, que a seu tempo era escrivão da Puridade de D. Manuel. Este Conde de Linhares, o primeiro do título, sendo padrinho de baptismo de Fernão de Loronha bem o pode ter sido, também, de seu pai e irmão e, assim, ainda mais verosímel  se tornara a mudança da letra inicial, para diferenciar a família de cristãos-novos da de cristãos-velhos que a apadrinhara e lhe dera apelido. A origem judaica da família foi, talvez, causa do mistério que a envolve.

É, contudo, duvidosa a mudança da inicial com o fim de constituir diferença de origem.

As duas letras equivalem-se e assim se verifica, por exemplo, em lível e nível. A razão de Fernão de Loronha não ser da linhagem dos Noronha é inaceitável como justificativa da forma Loronha, pois os maiores fidalgos deram os seus apelidos a escravos e afilhados de qualquer raça e origem, quando os apadrinhavam.

Quer por mudança da letra inicial não ter valor, quer para se integrar na qualificada família dos Noronhas, fazendo desaparecer assim o sinal da sua origem hebraica e, ao mesmo tempo, adquirir maior consideração, os descendentes abandonaram aquela forma e, actualmente se chamam Noronhas, parecendo que nenhum retém a de Loronha.

As armas dos Loronhas são: Partido: o primeiro de prata com meia flor-de-lis de ouro unida a meia rosa de vermelho em chefe; o segundo, de verde com meia flor-de-lis de ouro unida a meio de rosa vermelha, em ponta, encimada por uma pomba de prata, voante. Timbre: a pomba do escudo.

Braamcamp Freire classificou de confusa a descrição da carta régia de 1532 e seguiu fonte menos autorizada, onde se encontraram as armas por forma diversa da aqui referida"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete