terça-feira, 29 de maio de 2012

Albernaz

"Família antiga, da qual se conhece no fim do século XIII e começo do seguinte D. Margarida de Albernaz, segunda mulher de Nuno Fernandes Cogominho, almirante do Reino em tempos de D. Dinis, almotacé-mor de D. Afonso IV e chanceler-mor de D. Pedro I, filho de D. Fernandes Cogominho e de sua mulher, D. Joana Dias.

D. Margarida de Albernaz e seu marido deixaram geração, procedendo deles os Cogominhos, e fundaram a capela de Nossa Senhora da Misericórdia na Sé de Lisboa, onde, em túmulo com figura jacente e as armas dos Albernazes e dos Cogominhos, jaz o corpo desta senhora.

No ano de 1378 instituiu um vínculo, que uniu à capela de Santo Estácio da Sé de Lisboa, Martim Afonso de Albernaz. Nos registos de D. João I também figura outro Albernaz, Álvaro Martins, dos Paços do Lumiar, talvez filho daquele, como faz supor o patronímico.

No tempo de D. Afonso V passou a Portugal Fernão Carrilho de Albernaz, que se casou com Maria Borges, de quem nasceu Fabião Borges de Albernaz, morador em Guimarães, pai de Diogo Borges de Albernaz, natural da mesma vila, que viveu na ilha da Madeira, onde deixou geração, e teve Carta de brasão de armas em 30-III-1538, e de Martim de Mesquita Borges, morador em Goa, que também tirou brasão de armas no ano de 1562.

As suas armas são: Esquartelado de azul e prata, com quatro carapeteiros de um no outro. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Albornoz

"Descende esta família de D. Fernão Gomes de Aça, rico-homem que vivia nos princípios do século XIII, segundo senhor de Albornoz, que herdou de seu pai, D. Gomes Garcia de Aça, senhor de Aça, Aylon e Roa e alferes-mor de Castela, que o houve em sua mulher D. Maria Garcia.

De D. Fernão Gomes de Aça foi filho legítimo D. Álvaro Fernandes de Albornoz, que sucede a seu pai no senhorio de que tomou apelido, o qual é uma aldeia situada no distrito de Cuenca, e foi também alcaide de Moya. Dele provêm os Albornozes de Espanha, de onde passaram a Portugal. Por causa de um crime veio para Portugal Pedro de Albornoz, fidalgo castelhano, parente muito próximo do cardeal D. Gil de Albornoz, bispo de Sevilha, o qual se casou em Portelo, junto de Lamego, com Catarina Teixeira, filha de Gaspar Teixeira, e nesse lugar ficou residindo e deixou geração.

Os Albornozes são das mais antigas e ilustres famílias da Espanha, pois provêm dos Laras, que têm por varonia sangue da casa real de Leão.

O bispo de Malaca, D. João Ribeiro Gaio, escreveu, acerca dos Albornozes:

Lá na mancha de Aragão 
de Vilhena Marquezado 
um cavaleiro afamado 
por armas tomou a mão 
e o senhorio do Condado.

Usam as seguintes armas: De ouro, com banda verde."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Albergaria

"É uma das mais antigas e distintas famílias de Portugal. Descendendo de D. Paio Delgado, que viveu na segunda metade do século XII e instituiu uma albergaria em Lisboa, que se supõe ficava na freguesia de S. Bartolomeu, a qual foi conhecida por albergaria de Paio Delgado, e dela tiraram apelido seus descendentes.

Do filho primogénito, Martim Pais, vieram os Rebelos, e do segundo, Pêro Pais, os Albergarias.

Esta família produziu varões muito ilustres, que deixaram na Índia grande memória das suas acções.

D. João Ribeiro Gaio, bispo de Malaca, escreveu dos Albergarias:

Dos godos a dianteira 
temidos da gente brava 
da de Castela fronteira 
a quem tomaram bandeira 
que trazem de Calatrava.

As suas armas são: De prata, com uma cruz florenciada e vazia de vermelho; bordadura do primeiro, carregada de doze escudetes de azul, cada um, de cinco besantes no campo. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

domingo, 27 de maio de 2012

Albuquerque

"Na família dos Meneses se originou a dos Albuquerques, uma das mais distintas de Portugal. Ao sangue esclarecido da linhagem de que proveio, juntou o de outras muito ilustres e o das casas reais de Castela e Portugal.

D. Afonso Teles de Meneses, filho de D. Telo Peres de Meneses e de sua mulher D. Gontrode Garcia de Vilamaior, foi segundo senhor de Meneses, Medelim, Monte Alegre e outras terras e o primeiro povoador de Albuquerque, vila de que também teve o senhorio. Morreu no ano de 1230 e foi supultado no mosteiro de Palaçuelas. Casou-se duas vezes: a primeira com D. Elvira, filha de D. Rodrigo Gonçalves Girão, rico-homem e senhor da casa dos Guirões, e de sua mulher, D. Maior, de cujo matrimónio deixou descendência que seguiu o apelido Girão; e a segunda vez com D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho I de Portugal, de quem teve D. João Afonso de Meneses, que sucedeu nos senhorios de seu pai e foi rico-homem e alferes-mor de D. Afonso III de Portugal, seu primeiro coirmão.

D. João Afonso de Meneses foi casado, mas é incerto o nome de sua mulher, pois três atribuem. Segundo o Conde D. Pecro chamava-se D. Elvira Gonçalves Girão, filha de Gonçalo Rodrigues Girão, da qual teve vários filhos que seguiram o apelido Meneses e entre eles D. Rodrigo Anes Telo de Meneses, que sucedeu a seu pai na casa e terras, e, tem tempo do Rei D. Afonso X de Castela, foi terceiro senhor de Albuquerque. Casou-se com D. Teresa Martins de Soverosa, filha de D. Martim Gil de Soverosa e de sua mulher, D. Inês Fernandes de Castro, de cujo matrimónio nasceu D. João Afonso de Albuqueruqe, o primeiro que usou este apelido, tirado da vila de que foi quarto senhor.

Sucedeu D. João Afonso em toda a casa de seu pai; foi muito bom cavaleiro, teve o título de Conde de Barcelos por Carta de 8-V-1298 e exercitou o ofício de mordomo-mor de D. Dinis. Fez testamento no ano de 1304. Casou-se duas vezes: a primeira com D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho IV de Castela, de quem deixou geração, em breve tempo extinta; a segunda, com D. Maria Coronel, filha de D. Pedro Coronel, ficando desde matrimónio D. Teresa Martins, que alguns autores dizem ser filha da primeira mulher, a qual se recebeu com D. Afonso Sanches, filho bastardo de D. Dinis e de D. Aldonça Rodrigues Telha.

De D. Teresa Martins e de seu marido provêm os Albuquerques, a quem João Rodrigues de Sá nas suas coplas, dedicou a seguinte:

As çinquo flores de lyx
com quinas em quarteirão 
os Albuquerques trarão,
os que del rei dom Denys 
trazem sua geração. 

E por tocar tão estado 
bem merele ser honrrado 
sangue que tem tal mistura 
per tão honrrado natura 
dyno de ser nomeado.

As armas antigas eram: De vermelho, com cinco flores-de-lis de ouro. (...)



Modernamente usa: Esquartelado; o primeiro quarto e o quarto, de prata, com cinco escudetes de azul postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes de prata, em sautor; o segundo e terceiro, de vermelho, com cinco flores-de-lis de ouro postas em sautor. (...)



O primeiro e o quarto quarteis nem sempre se apresentam em Portugal antigo, mas com bordadura de vermelho carregada de sete castelos de ouro e com filete negro em barra. Esta forma, posto que muito divulgada, é, porém, menos correta do que a anterior. Ainda no século XVIII se usavam as armas antigas dos Albuquerques, talvez por inadvertência do rei de armas, e com elas se passou, pelo menos, uma carta de brasão. Os senhores de Albuquerque traziam por armas: De prata, com cruz de vermelho carregada de cinco castelo de ouro e acompanhada de vinte escudetes de azul, postos cinco em cada cantão, dispostos em cruz, com os dos lados apontados ao centro, e cada um deles carregado de dez besantes do campo, 3, 2, 3 e 2."

In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

sábado, 26 de maio de 2012

Matos

"Família das mais antigas de Portugal, pois descende dos reis de Leão, por D. Hermingo Alboazar, senhor do castelo de Távora, e de sua mulher, D. Dórdia Osores, de quem foi filho D. Egas Hermingues. Este D. Egas, bisneto por varonia de D. Raimundo II de Leão, casou com D. Gontinha Eriz, filha de D. Ero, Conde de Lugo e um dos maiores senhores do seu tempo. Pelo seu grande valor, foi D. Egas Hermingues chamado o Bravo. Fundou o mosteiro do Freixo, com a sua mulher, de quem teve D. Paio Viegas, herdado no concelho de Argos, comarca de Lamego, onde fez a quinta de Matos, na qual viveu. Do seu matrimónio nasceu D. Hermingo Pais de Matos, sucessor da casa paterna e primeiro de apelido, que tomou da quinta cujo senhorio tinha. Foi também senhor das quintas do Amaral e de Cardoso e muito devoto do mosteiro de Santa Cruz, de Coimbra, pelo que os cónegos regrantes de Santo Agostinho lhe deram carta de seu familiar, a fim de poder lograr as indulgências concedidas pelos Papas aos familiares da ordem. No livro dos óbitos do mesmo mosteiro, chamando-se-lhe «familiaris Sactae Cruci» se refere a sua morte, ocorrida com as nonas de Novembro. Teve do seu casamento vários filhos, dois dos quais foram, respectivamente, progenitores dos Amarais e dos Cardosos, por lhes terem cabido os senhorios das quintas do Amaral e de Cardoso, de que tomaram os seus apelidos.

O filho mais velho, Paio Hermingues de Matos, sucedeu no senhorio da quinta de Matos e no da de Rousais, viveu em tempo de D. Sancho II e D. Afonso III, foi senhor do casal de Neomais, trazendo as referidas quintas por honra, como se vê das Inquirições, em que se lhe chama miles, e tinha muitas herdades compradas a Martim Anes, João Moniz, João Gonçalves e Pedro Feio, situadas em Ruivães, termo de Vila Boa, e na de Santa Maria. Do seu matrimónio houve geração que propagou o apelido Matos.

Manuel de Sousa da Silva deixou, em louvor desta família, os seguintes versos:

O lugar de Matos tem, 
de Aregos no julgado 
o solar assinalado 
de Matos, e dele vem 
todo o seu gremio honrado.

As armas usadas pelos deste apelido são: De vermelho, com um pinheiro de verde, arrancado de prata, sustido por dois leões de ouro, armados e lampassados de azul, afrontados. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Matela

"Família da província da Beira, cujo ascendente mais antigo que se conhece é Vicente Domingues, morador em Valongo, termo de Pinhel, onde herdou um morgado instituido em 15 de Agosto de 1357 por Sancho Martins e sua mulher Maria Domingues, irmã do referido Vicente Domingues. Foi este, pai ou avô de Fernão Vaz, escudeiro-fidalgo, que, por sua vez, o foi de João Fernandes, escudeiro, casado com Branca Matela. Tiveram dois filhos: João Matela, que herdou o morgado e morreu sem geração, e Pedro Matela, escudeiro, que viveu pelos anos de 1490 e foi casado com Isabel Cocho, filha de Pedro Cocho, de quem procedem os dos apelidos de Matela, na Beira.

Ignora-se se os Matelas da Extremadura e Alentejo têm a mesma origem. O apelido, nos princípios do século XVII, transformou-se em Metelo, forma por que hoje é usado.

As armas dos Metelas são: De prata, com uma faixa de vermelho, e um chefe adentado de três peças do mesmo, cada peça carregada de uma moleta de oito pontas de ouro. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Campos

"Há em Portugal, pelo menos, duas linhagens de Campos: uma portuguesa e outra espanhola (v. Campo). Dos Campos portugueses o mais antigo que se conhece é Martim de Campos, que vivia em Entre Douro e Minho no tempo de D. Afonso III e foi senhor do casal de Cortinal Grande e de mais bens na freguesia de Sant'Iago de Atães, termo da vila do Prado, comarca de Viana do Castelo, como se verifica nas Inquirições que o mesmo Príncipe mandou fazer. Deste Martim de Campos ficou a geração do seu apelido.

O bispo de Malaca, D. João Ribeiro Gaio, escreveu dos Campos, a quem atribuía por ascendente o Conde D. Ramiro de Campos, um dos maiores, se não o maior, dos senhores de Espanha no seu tempo, a seguinte quintilha:

Deste Ramiro afamado 
de Campos conde e senhor 
vem os Campos, cujo honor 
lhe deu brazão sublimado 
digno de todo o louvor.

D. Afonso V, por carta de 11-V-1465, concedeu a Gonçalo Vaz de Campos, escudeiro e criado do prior da Ordem de S. João, D. Frei Vasco de Ataíde, e alcaide da Vila de Crato pelo mesmo prior, por serviços que o mesmo Gonçalo Vaz prestara na tomada de Alcácer, em África, armas de mercê nova, assim como seguem: De azul, com três cabeças de leão, cortadas, ensanguentadas e lampassadas de vermelho. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Castelo-Branco

"Não se sabe ao certo qual a origem desta família, supondo alguns que procede da dos Castelos-Brancos, de Espanha, do Reino de Aragão. O primeiro que parece ter usado o apelido em Portugal é Martim de Castelo-Branco, que vivia pelos anos de 1255 na vila de Castelo Branco, em tempos de D. Afonso III, do qual parece descenderem em linha recta os que com o mesmo apelido habitaram posteriormente a mesma vila e dela se difundiram pelo Reino.
João Rodrigues de Sá escreveu no século XVI os seguintes versos, cantando esta família:

Onde se der campo franco 
em novo mas dino estado, 
rompente lyão dourado 
trarão os de Castel Branco 
em campo azul assentado.

E de sua perfeyção, 
E quanto val com razão, 
dará muyto certa prova 
em seu nome Vila nova, 
aquela de Portymão.

Também o bispo de Malaca, D. João Ribeiro Gaio, na sua Heraldologia Métrica, não esqueceu os Castelos-Brancos. É dele esta quintilha:

Dos que nos campos valentes 
d'Ourique sacrificaram 
seu sangue onde alcançaram 
a fama, mas seus descendentes 
Casteis Brancos se chamaram.

As armas desta linhagem são: De azul, com um leão de ouro, armado e lampassado de vermelho. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Barreto


"Entre as mais antigas e nobres famílias de Portugal encontra-se a dos Barretos, pois descende de D. Arnaldo de Bairão, pai de D. Guido Araldes, avô de D. Soeiro Guedes, bisavô de D. Nuno Sorares, trisavô de D. Soreiro Nunes, 4.º avô de Nuno Soares, que casou com Maira Pires Perna, filha de D. Pedro Pais Escacha.

De Nuno Soares e da sua mulher, Maior Pires Perna, nasceu Men Nunes Velho, sepultado no mosteiro de Carvoeiro, junto da barra de Viana do Castelo, o qual o seu casamento teve filhos que tomaram o apelido de Barreto, parece que derivado de terem o solar junto da referida barra. Gomes Mendes Barreto, filho sobredito Nem Nunes Vilho, possui, por sua mãe, parte do padroado da igreja de Valadarez, em Baião, uns casais de honra de Gestaçô, parte do padroado da vila de Marim, e uma herdade na mesma freguesia. Viveu em tempo dos Reis D. Afonso II e D. Sancho II e recebeu-se com D. Constaça Pais, filha de D. Paio Gomes Gravel e de D. Sanchas Pais, de cujo matrimónio houve geração continuadora do apelido.

O Bispo de Malaca, D. João Ribeiro Gaio, nas suas trovas dedicou aos Barretos a seguinte:

O de Bretanha senhor 
mandou contra os Mahometos 
seu filho de grão valor 
à Hespanha, e dos Barretos 
foi este progenitor.

Também o insigne linhagista Manuel de Sousa da Silva não se esqueceu deles, contando-os nesta quintilha:

Na barra do claro Lima 
Dos Barretos o Solar 
Esteve junto do mar 
Que deitando areia em mim 
O veio a sepultar.

Trazem por armas: De aminhos, pleno. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Silva

"Família das mais considerada na Península, a qual se diz porvir dos reis de Leão. D. Guterre Pais, governador da terra da Maia, teve por filho D. Pelaio Guterres, governador de Alva, e por neto a D. Guterre Alderete, rico-homem, senhor de Alderete e da torre da Silva situada na aldeia do Alderete, freguesia de Cerdal, termo de Valença do Minho, da paróquia de Oserdão, de Alderete e de Jozam.
Acompanhou o conde D. Henrique de Borgonha e esteve na tomada de Coimbra pelo rei de Castela D. Fernando I. Daquela torre tomou o apelido de Silva, que transmitiu à sua geração. Casou-se com D. Maior Peres de Ambia e teve D. Paio Guterres da Silva, rico-homem, adiantado-mor de Portugal, governador de muitas terras pelo rei D. Afonso VI de Leão, alcaide do castelo de Santa Eulália, senhor de Alderete, da torre da Silva e do porto da Figueira. Fundou os mosteiros de Cucujães, Tibães, São Simão da Junqueira, São Salvador do Souto e Santo Estêvão de Vilela. Recebeu-se com D. Sancha Anes, filha de D. João Ramiro, senhor de Montor, neta de Ramiro Frade, da qual teve filhos, e contraiu segundas núpcias com D. Urraca Rabaldes, filha de Cristóvão Anes e de D. Maria Rabaldes, de quem houve geração. Os filhos de ambos os matrimónios tomaram o apelido de Silva e por eles se continuou a linhagem.

João Rodrigues de Sá, senhor de Matosinhos, nas suas coplas heráldicas, disse desta linhagem:

Do metal mais eycelente 
os que trouxeram lyão 
em prata, Sylvas serão, 
que oje sacha presentea 
mais antygua jeração 

Foram seus progenitores 
Capetos, & Numitores, 
Reys d'Alva, donde vyeram 
os irmãos que nom couberão 
num soo reyno doos senhores.

Igualmente cantou os Silvas o bispo de Malaca, D. João Ribeiro Gaio, nos versos seguintes:

Trazem leão e mais sanguinho 
os Silvas da Corunha e Vigo 
cujo solar é no Minho 
junto de S. Vitorino 
nobre leal e antigo. 

Estes condes de Cilfantes 
são garfos de Portugal 
vem nos criados nos montes 
por um fero animal 
que não perdoa os infantes.

Deve-se, também, versos alusivos à mesma linhagem ao insigne genealogista Manuel de Sousa da Silva, capitão-mor de Santa Cruz de Riba Tâmega. É dele a quintilha:

Esta illustre e fatal 
A quinta da Silva mão 
que perto de Braga está 
A Hespanha e Portugal 
Catorze títulos dá.

As armas desta família são: De prata, com um leão de púrpura, armado e lampassado de vermelho ou de azul. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Aires

"Na armaria portuguesa existem armas de uma família Aires, cuja proveniência se desconhece. Não se sabe quem primeiramente as usou e nem se pode inferir do nome qual a família a que pertencem, podendo, portanto, existir diversas famílias com igual designação e origens diversas.

Parece, contudo, que esta andava aliada à dos Peixoto Cachos, pois eles trazem as mesmas armas, que são: De verde, com braço armado de prata, saindo do flanco esquerdo do escudo, tendo na mão um punhal do mesmo, guarnecido de ouro, com a ponta para baixo."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

da Gama

"O mais antigo que se conhece deste apelido é Álvaro Anes da Gama, cavaleiro honrado que, no tempo de D. Afonso III viveu em Olivença. Serviu na conquista do Algarve e foi pai de João Álvares da Gama, contemporâneo de D. Dinis e D. Afonso IV, com o qual, já idoso, se encontrou na batalha do Salado. Casou com Guimoar Cogominho de quem teve Álvaro Anes da Gama, que alcançou o reinado de D. Fernando I, e de sua mulher, Maria Esteves Barreto, houve a Estêvão Vaz da Gama. É neste que os genealogistas costumam principiar os Gamas. Foi casado com Catarina Mendes, que enviuvando aos treze anos viveu com grande virtude e honestidade. Esta senhora fundou a ermida de Nª Srª da Graça, em Elvas, onde morreu seu marido, num monte fora dos muros da praça, contíguo à cidade. Deixou um filho, por nome Vasco da Gama, de quem proveio larga e ilustre geração, entre a qual se encontra o almirante D. Vasco da Gama, seu neto.

João Rodrigues de Sá, nas suas trovas, diz com respeito a D. Vasco da Gama:

A quem lhachou novo mundo 
nova terra, & novo clyma 
deu el rey em grandestima 
sobre os da Gama en fundo 
as suas armas en çima. 

E em quanto dura a fama 
que a India de si derrama 
sempre hyra em nome diante 
do seu primeyro almyrante, 
estee Dom Vasquo da Gama.

O bispo de Malaca, D. João Ribeiro Gaio, igualmente cantou o almirante nas suas quintilhas, escrevendo:

Venceu primeiro com fama 
as partes orientaes 
e descobriu outras tais 
o grão D. Vasco da Gama 
que trás as quinas reais.

As armas dos Gamas são: Xedrezado de ouro e de vermelho, de três peças em faixa e cinco em pala, as de vermelho carregadas de dois filetes de prata postas em faixa. (...)



A D. Vasco da Gama concedeu D. Manuel I, talvez com o ofício de almirante e o tratamento de dom, em 1500, o acrescentamento nas suas armas, pela forma seguinte: Xedrezado de ouro e de vermelho, de três peças em faixa e cinco em pala, as de vermelho carregadas de dois filetes de prata postas em faixa; e um escudete de prata com cinco escudetes de azul postos em cruz e carregado de cinco besantes de ouro, brocante, ao centro sobre a segunda tira e parte da terceira. (...)"



In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete