sábado, 15 de dezembro de 2012

Patalim

"Família que já existia no século XII, pois Lopo Rodrigues Patalim e sua mulher, Mor Pires, instituiram, no ano de 1319, um morgado na freguesia de S. Pedro da cidade de Évora. Ignora-se a origem do apelido, que proveio, certamente, de alcunha. De Lopo Rodrigues e de sua mulher foi filho Rui Lopes Patalim, administrador do vínculo, o qual deixou geração que continuou o apelido.

As armas dos Patalim são: Esquartelado: o primeiro e o quarto de ouro, com quatro faixas de azul; o segundo e o terceiro de vermelho, com um castelo de ouro. Timbre: o castelo do escudo.


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Loronha

"Pretendem alguns autores genealogistas que a família Loronha é diversa da dos Noronhas, afirmando que a mudança de inicial naquela, aparecida posteriormente, foi propositada. Se por um lado se verifica que os Loronhas se chamaram sempre assim, por outro se vê que os linhagistas trocam o N por L com muita facilidade quando tratam dos Noronhas. Alguns linhagistas dão começo a esta família em Martim Afonso de Loronha, que dizem era inglês e passou a Portugal, o que não é crivel, pelo seu nome, de aspecto peninsular. O padre António Soares de Albergaria, consciencioso heraldista do século XVII, informa que a diferença entre Noronhas e Loronhas é que os primeiros eram senhores da vila de Noronha, nas Astúrias, e de que os segundos tomaram o apelido da vila, por terem vindo de lá, mas os Reis portugueses para não haver confusão entre as duas famílias mudaram a esta última o N inicial em L.

Martim Afonso de Loronha foi pai de Fernão de Loronha e de Martim Afonso de Loronha, escrivão do mestrado da Ordem de Cristo. Fernão de Loronha esteve em Inglaterra, de onde trouxe a Carta de brasão de armas novas, dada pelo soberano inglês com meia rosa das armas reais, que ele apresentou a D. Manuel, pedindo autorização para usa-las em Portugal.

O Rei português não atendeu o pedido, mas prometeu por alvará de lembrança, passado a 26 de Agosto de 1506, dar-lhe Carta de armas, nas quais entraria a meia rosa concedida pelo Rei de Inglaterra ou outras quaisquer, o que faria quando algum dos reis de armas estivesse na Corte.

Morreu D. Manuel I sem fazer a mercê e Fernão de Loronha pediu ao D. João III lhe confirmasse por Carta o alvará de seu pai, o que fez a 28 de Junho de 1524.

Este Príncipe, atendendo aos serviços prestados a seu pai e a ele próprio por Fernão de Loronha, o tirou do número geral dos homens e conto plebeu, reduzindo-o ao conto, estima e participação dos nobres fidalgos de limpo sangue e o fez fidalgo de cota de armas, dando-lhe as armas que trouxera de Inglaterra, acrescentadas, o que tudo consta de Carta passada a 3 de Setembro de 1532. Fernão de Loronha foi cavaleiro das Casas de D. Manuel I e D. João III e descobridor da ilha que se chamou de Fernão de Loronha e à qual ele pôs no me de S. João Baptista por a ter achado no dia deste santo, de que o Rei Venturoso lhe fez mercê com grande jurisdição.

O referido padre Soares de Albergaria diz que Fernão de Loronha foi mercador, o que talvez possa explicar a sua estada na Inglaterra, e que conforme achou num escrito se baptizara em pé e que diziam lhe servira de padrinho o Conde de Linhares, D. António de Noronha, que a seu tempo era escrivão da Puridade de D. Manuel. Este Conde de Linhares, o primeiro do título, sendo padrinho de baptismo de Fernão de Loronha bem o pode ter sido, também, de seu pai e irmão e, assim, ainda mais verosímel  se tornara a mudança da letra inicial, para diferenciar a família de cristãos-novos da de cristãos-velhos que a apadrinhara e lhe dera apelido. A origem judaica da família foi, talvez, causa do mistério que a envolve.

É, contudo, duvidosa a mudança da inicial com o fim de constituir diferença de origem.

As duas letras equivalem-se e assim se verifica, por exemplo, em lível e nível. A razão de Fernão de Loronha não ser da linhagem dos Noronha é inaceitável como justificativa da forma Loronha, pois os maiores fidalgos deram os seus apelidos a escravos e afilhados de qualquer raça e origem, quando os apadrinhavam.

Quer por mudança da letra inicial não ter valor, quer para se integrar na qualificada família dos Noronhas, fazendo desaparecer assim o sinal da sua origem hebraica e, ao mesmo tempo, adquirir maior consideração, os descendentes abandonaram aquela forma e, actualmente se chamam Noronhas, parecendo que nenhum retém a de Loronha.

As armas dos Loronhas são: Partido: o primeiro de prata com meia flor-de-lis de ouro unida a meia rosa de vermelho em chefe; o segundo, de verde com meia flor-de-lis de ouro unida a meio de rosa vermelha, em ponta, encimada por uma pomba de prata, voante. Timbre: a pomba do escudo.

Braamcamp Freire classificou de confusa a descrição da carta régia de 1532 e seguiu fonte menos autorizada, onde se encontraram as armas por forma diversa da aqui referida"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Góios

"Este apelido parece ser o mesmo que Góis, provindo de Nuno Martins de Góios e de sua mulher, Branca Lourenço do Avelar. Nuno Martins de Góios era filho de Martim Vasques de Góis, senhor de Góis, vassalo de D. Pedro I de Portugal, que andou com o Rei D. Pedro de Castela nas lutas que este teve com o Rei de Aragão, e de sua mulher D, Violante de Melo, filha de Martim Afonso de Melo e de D. Maria Vasques de Resende. Do matrimónio referido teve Nuno Martins de Góis geração.

Ao poeta quinhentista João Rodrigues de Sá se devem os seguintes versos dedicados aos Góios:

Sobre prata douro fyno 
com as barras dAragão, 
arminhos tão bem estão. 
E mais hum castelo em pino, 
armas de dom Anyão.

De dom Anyão dEstrada, 
a quem primeiro foy dada 
a vila de Goes derdade 
deixou della nomeada.

As armas dos Góios são: De prata, com três mosquetas de negro; chefe partido de vermelho, com um castelo de ouro (Castela), e de ouro, com quatro palas de vermelho (Aragão). Timbre: o castelo do escudo, tendo à esquerda um estandarte de arminhos, a haste movente, em faixa, das ameias da torre do meio."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Lacerda

"Os deste apelido provêm do Rei D. Afonso X, o Sábio, de Castela e de sua mulher, D. Violante de Aragão, por seu filho mais velho, D. Fernando de la Cerda, que nasceu a 24 de Janeiro de 1256, com uma guedelha de cabelos no peito, como dizem autores antigos. Recebeu-se com Branca de França, filha de S. Luís, Rei de França, e de sua mulher, Margarida de Provença. Morreu em vida do pai, no ano de 1275, deixando os seguintes filhos, havidos do matrimónio: D. Afonso de la Cerda, que casou com D. Joana Nunes de Lara, viúva do Infante D. Henrique e filha de D. João Nunes de Lara, senhor de Lara, e de sua mulher, Teresa Álvares de Azagra, cujos descendentes seguiram o apelido de Lara, e de D. Margarida de la Cerda, que foi mulher do Infante D. Filipe.

D. Afonso de la Cerda não sucedeu nos Reinos de seu avô, D. Afonso, o Sábio, porque seu tio, D. Sancho, irmão de seu pai, se introduziu na posse deles ainda em vida de D. Afonso X, que se inclinava a que o referido neto fosse o sucessor. Pedindo auxilio a D. Pedro, Rei de Aragão, para a obtenção do trono usurpado, este o reteve no seu Reino por assim lhe convir a seus negócios. D. Afonso intitulava-se Rei de Castela e nas pazes celebradas pelo Rei D. Sancho com o Rei Filipe, o Formoso, de França, foi prometido a este por D. Sancho largar o Reino de Múrcia a D. Afonso, com a condição de que ele abandonasse o título de Rei de Castela, ficando feudatário dos Reis de Castela, e que, por sua morte sem filhos, lhe sucedesse seu irmão D. Fernando de la Cerda. Prometendo a D. Jaime de Aragão socorrer D. Afonso para que pudesse tomar os Reinos de seu pai, este príncipe lhe deu o Reino de Aragão e foi jurado Rei de Castela, Toledo, Córdova e Jaen, mas de todos ficou privado, e só conservou alguns estados em Castela, os quais foram as vilas de Alva de Tormes, Bejar, Valle de Corneja, Real de Manzanares, Gibraleão, Algava, os montes de Greda em Magão, a Póvoa de Sarria, a terra de Lemos e alguns herdamentos na Andaluzia. Depois, D. Afonso XI lhe deu muitas vilas e castelos de juro e herdade, outras somente em sua vida e várias rendas do Reino. Afonso de la Cerda recebeu-se com D. Mafalda de Narbona, filha de Aimérico VI, Visconde de Narbona, e de sua mulher, Sílvia de Fox, de quem teve diversos filhos, que seguiram o apelido paterno. O filho terceiro, D. João Afonso de la Cerda, foi senhor de Gibraleão, Guelva, Real de Manzanares e Deza, por doação do pai. Viveu em Portugal alguns anos e o Rei D. Dinis lhe deu herdamentos, casando-o com a sua filha ilegítima, D. Maria Afonso, havida em D. Marinha Fomes, mulher nobres de Lisboa. A sua descendência, na segunda geração, voltou definitivamente para Castela.

Reinando em Portugal D. João I, veio de Castela um fidalgo chamado Martim Gonçalves de la Cerda, que se casou com D. Violante Pereira, filha bastarda de D. Álvaro Gonçalves Pereira, prior do Crato, e de Marinha Domingues, de quem teve geração, que, quase toda, seguiu os apelidos de Pereira de Lacerda.

D. João Ribeiro Gaio deixou uma quadra em honra dos Lacerdas, que diz:

Tanto forte como Samsão 
dos de Castela e Leão 
e do sangue de Navarra 
nasceu o deste brazão

As armas dos deste apelido, tanto em Espanha como em Portugal, são: Partido: o primeiro de vermelho com um castelo de ouro (Castela), cortado de prata, com um leão de púrpura, armado e lampassado de vermelho (Leão); o segundo de azul, semeado de flores-de-lis de ouro (França). Timbre: o leão do escudo."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Moutinho

"A pessoa mais antiga que se conhece deste apelido é Vasco Afonso Moutinho, a quem D. João I deu licença em 20 de Novembro de 1429 para edificar o mosteiro de S. Domingos, de Vila Real. Teve vários filhos do mesmo apelido, sendo o mais velho Dinis Vaz Moutinho, casado com Violante Martins de Mesquita, filha de Martim Gonçalves Pimentel e de sua mulher, Inês de Mesquita, da qual houve geração, continuadora do apelido.

D. João Ribeiro Gaio, bispo de Malaca, referiu-se a esta família nos versos seguintes:

De serpe quatro focinhos 
e no meio a flor de liz, 
são as dos nobres Moutinhos 
do Porto ou Matosinhos 
naturais como se diz.

As armas que trazem são: De azul com uma flor-de-lis de ouro, cantonada de quatro cabeças de serpe do mesmo, lampassadas e cortadas de vermelho. Timbre: a cabeça de serpe do escudo."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

domingo, 2 de setembro de 2012

Leme

"Família flamenga, cujo antepassado mais antigo que se conhece é Martim Lem, cavaleiro nobre e rico da cidade de Bruges, que teve de sua mulher Martim Lem e Carlos Lem, almirante de França.

Martim Lem, filho mais velho, sucedeu na casa e nos feudos paternos. Mostrou-se tão admirador de Portugal que desejou contribuir para a expedição de D. Afonso V contra os infiéis, para o que aparelhou uma urca à sua custa, na qual mandou seus filhos António Leme com vários homens de lanças e espingardas para com ele servirem. Embora as notícias da família assim o refiram, parece, porém, que este Martim Lem veio para Portugal com o fim de comerciar, estabelecendo-se em Lisboa com grande negócio e a quem D. Afonso V tomou por escudeiro-fidalgo da sua Casa em agradecimento de ter mandado armar à sua custa uma embarcação em que seu filho com gente de armas o foi servir em África. Martim Lem não se casou, mas teve com Leonor Rodrigues, mulher solteira, os seguintes filhos bastardos: Luís Leme, legitimado com todos os seus irmãos em 1464 por D. Afonso V, a pedido do seu pai, a quem se chama flamengo honrado, escudeiro e mercador em Lisboa, sem mais notícia; Martim Leme, gentil-homem da casa do Imperador Maximiliano I, sem mais notícia; António Leme, que passou em África a servir na guerra contra os Mouros, por ordem de seu pai, como se referiu acima, e se encontrou na tomada de Arzila e na de Tânger no ano de 1463, por cujos serviços o Rei o fez fidalgo da sua Casa, e de onde passou para a de seu filho, o Príncipe D. João, quando lhe pôs casa, teve confirmação das armas paternas por Carta de 12 de Novembro de 1471 e se recebeu com D. Catarina de Barros, filha de Pedro Gonçalves da Clara e de sua mulher, Isabel de Barros, casamento que alguns atribuem a seu neto de igual nome, de quem descendem os Lemes da Madeira; Rodrigo Leme, sem geração; Catarina Leme, que se recebeu com Fernão Gomes da Mina, com geração, e Maria Leme, casada com Martim Denis, com geração.

O apelido na Flandres é Lem, cuja pronúncia se manteve em Portugal pela adição de um e final.

As armas dos Lemes, usadas na Flandres e em Portugal são: De prata, com três merletas de negro. Timbre: uma merleta do escudo.


As armas usadas por António Leme e seus descendentes, conforme a Carta do Rei D. Afonso V, diferenciadas das de seu pai para as poder usar sem diferença de filho, mas como chefe de linhagem, são: De ouro, com cinco merletas de negro, postas em sautor. Timbre: uma aspa de ouro, carregada de uma merleta de negro.

(Leme, de António Leme)

In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Bem

"Família cujo princípio se desconhece, mas que já existia no século XVII. Foi um dos seus ilustres elementos D. Tomás Caetano do Bem, clérigo regular teatino, mestre de Teologia, cronista da Casa de Bragança, académico da Academia Real da História Portuguesa e da Academia Real de Ciências (1718-1797).

As armas que lhes competem são: De prata, com três businas de caça de negro, enbocadas e viroladas de ouro, com cordão vermelho, e uma estrela de oito raios do mesmo, em abismo. Timbre: a estrela do escudo."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Corvacho

"Desconhecem-se as origens desta família, cujo nome provavelmente deriva de alcunha, pois Corvacho é diminutivo de corvo e significa corvo pequeno. As suas armas, que já se encontram no Livro do Armeiro-mor e no Livro da Torre do Tombo, são: De ouro, com três corvos de negro. Timbre: um corvo do escudo."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

sábado, 11 de agosto de 2012

Luna

"Descendem os Lunas dos Reis de Navarra pois D. Garcia, Rei de Navarra, e sua mulher D. Estefânia, foram pais do Infante D. Fernando, que herdou da parte da mãe as vilas de Bauta, Cacunida e Oprela e se casou com D. Nuna, filha de D. Iñigo Lopes, o Esquerra, sexto senhor de Biscaia. O infante D. Fernando vivia em 1060 e do referido matrimónio teve D. Lopo Fernandes ou Ferrench, infanção e rico-homem de Aragão; casado com D. Ximena, filha de D. Martim Gomes, o Grande, de sangue real, nascendo deste casamento D. Bacala de Luna, um dos maiores ricos-homens de Aragão, no seu tempo, povoador da vila de Luna, de que tomou apelido. O Rei D. Sancho Ramires o fez Conde de Luna em 1093, pelos seus grandes serviços. À sua iniciativa e valor se deve a conquista aos Mouros da vila de Fahaste, nas margens do Ebro, e o que haverem tornado tributárias do referido soberano muitas outras vilas que pertenciam aos Mouros. Esteve na batalha de Alcoras em 1096, vindo a morrer em 1115 ou 1117.

Foi seu filho D. Lopo Ferrench segundo senhor de Luna e seus estados, esteve com o pai na batalha de Alcoras e morreu em 1136, no campo de Huesca, com quatro cavaleiros da sua linhagem, em serviço do Rei D. Ramiro, o Monge. Recebeu-se com D. Urraca, irmã de D. Pedro Atares, senhor de Borja, de quem houve a D. Pedro Lopes de Luna, terceiro senhor de Luna e seus estados, serviu o Príncipe D. Ramon e esteve em Huesca no ano de 1162, nas Cortes da rainha D. Petronilha. Vivia em 1170, havendo-se consorciado com D. Maior Palas, senhora de Lucerniste, filha de D. Artal Mir, Conde de Palas, senhor de Rideboyle e Tiraga. Deste matrimónio nasceram filhos, que continuaram o apelido de Luna. D. Rodrigo de Luna, filho de outro do mesmo nome e de D. Elvira, passou a Portugal por haver morto na Galiza um fidalgo e se passou a chamar Rui Fernandes de Luna, nome que se diz ser também o de seu pai, a fim de se encobrir, o que justificou seu neto João Jácome de Luna, como atesta uma certidão passada a seu trineto Miguel de Vasconcelos, secretário de Estado, por Gaspar de Faria Severim, também secretário de Estado, em 1638, mencionando a referida justificação, feita em 1576. Este D. Rodrigo de Luna comprou a quinta de Sequeiros, junto a Ponte de Lima, na qual viveu. Casou em Viana do Castelo com D. Mécia Fernandes Soares de Albergaria, filha de Fernão Anes de Ferraz, e de sua mulher, Guiomar Álvares Soares de Albergaria, de quem teve geração.

As armas usadas pelos Lunas, tanto em Espanha como em Portugal, são: De vermelho, com um crescente invertido de prata, e uma campanha do mesmo. Timbre: uma aspa de vermelho, carregada de um crescente invertido de prata, posto ao centro"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Velasco

"Família espanhola, de antiga nobreza, passada a Portugal com D. Ana de Velasco, duquesa de Bragança, mãe do rei D. João IV, e com outras pessoas. Tem o seu solar nas Astúrias.

As suas armas são: Xadrezado de ouro e de veiros, de três peças em faixa e de cinco em pala. Timbre: um leão de veiros armado e lampassado de vermelho."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Tavares

"É uma das antigas linhagens portuguesas, proveniente, ao que parece, das dos Fonsecas. Dizem os genealogistas que o rico-homem D. Ega Garcia da Fonseca, senhor do couto de Leomil e da honra de Fonseca, houve sua mulher, D. Mor Pais de Cerveira, a D. Pedro Viegas, senhor da Guarda, o qual houve a Estêvão Pires de Tavares e a D. Maria Pires de Tavares, casada com seu primo coirmão D. Mendo Gonçalves da Fonseca, fundador do mosteiro de Mancelos, filho de D. Gonçalo Viegas, senhor de honra de Fonseca e de outras terras, e de sua mulher, D. Urraca Vasques. Estêvão Pires de Tavares tomou o apelido da terra de Tavares, na Beira, e recebeu-se com D. Ouroana Esteves, filha de Estêvão Anes, cidadão honrado e alcaide-mor da Covilhã, e de D. Teresa Afonso. Deste matrimónio ficaram filhos que continuaram o apelido de Tavares, o qual se perdeu a preposição, retomada, tardiamente, por poucos descendentes.

Os Tavares usam as seguintes armas: De ouro, com cinco estrelas de seis raios de vermelho. Timbre: um pescoço e cabeça de cavalo, de vermelho, brindado de ouro"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Serrão

"Provêm os deste apelido da família dos Mouras, ganhadores da vila do seu nome. De D. Martim Rodrigues, mestre da Ordem de Calatrava, foi filho Vasco Martins Serrão de Moura, fidalgo principal do seu tempo, que se achou nas conquistas do Reino, por cujos serviços houve senhorio de alguns lugares na província do Minho. Teve mercê da alcaidaria de Moura, de que não chegou a tomar posse. Casou-se com D. Maria Dias de Góis, filha de Pedro Salvador e de sua mulher, D. Maria de Esposade. Vasco Martins e sua mulher instituíram, estando em Sevilha no ano de 1264, um vínculo e deixaram geração.

As armas dos Serrões são as seguintes; De prata, com um leão de vermelho, sobre um monte de verde. Timbre: o leão do escudo, saiante."



In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Corona

"Família espanhola que passou a Portugal, ignorando-se, porém, quem trouxe o apelido. As armas que usa, tanto na Espanha como em Portugal, são: De verde, com uma cruz florenciada de ouro, acompanhada de uma coroa do mesmo, posta no cantão direito do chefe, e de uma flor-de-lis de prata, no cantão esquerdo da ponta."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Cordeiro

"Não parece de grande antiguidade esta família e o seu apelido deve provir de alcunha, visto não ser procedido de preposição.

Na Espanha existe uma família Cordero, da qual podem ter provindo os Cordeiros portugueses, se bem que as suas armas sejam diversas. Os de Portugal usam as seguintes: De verde, com quatro cordeiros de prata acantonados. Timbre: um cordeiro do escudo."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Negrão

"Família estranha, que na Itália se chama Negrone e na Espanha Negrón. Há em Portugal pessoas deste apelido, que tanto pode provir de qualquer dos países referidos como da alcunha portuguesa.

Em Génova a família Negrone foi uma das vinte e oito senatoriais daquela República, donde passou a Espanha no tempo de Filipe I, nas pessoas de Bartolomeu Negrone e João Baptista Negrone, que deixaram larga descendência, a qual se espalhou por Sevilha, Valladolid, Xerez de la Frontera, Cádis e outras terras.

As armas, usadas em Portugal, Itália e Espanha são: De ouro, com três palas de negro. Timbre: uma águia de negro, estendida e saiante."



In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Moncada

"Família espanhola, da qual passou há séculos um ramo a Portugal.

Trás por armas, tanto neste país como na Espanha, as seguintes: Lisonjado de prata e azul."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Montenegro

"Família da Galiza, que se diz descender do Rei D. Fruela I. Alonso Lopes de Montenegro casou com Teresa Sanches e teve Tristão de Montenegro, que se recebeu com D. Maria Sarmento, filha de Garcia Fernandes Sarmento e de D. Teresa de Sotomaior. Deste casamento nasceu Lopo de Montenegro, que casou com Constança Lopes Cordido, filha de Pedro Cão de Cordido, senhor de Travanca, de quem houve geração que seguiu o apelido Montenegro. Na descendência destes se encontraram muitas pessoas casadas em Portugal.

As armas que usam os Montenegros em Portugal e na Itália são as seguintes: De prata, com monte de negro, de três cômoros. Timbre: o monte do escudo."



In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

terça-feira, 10 de julho de 2012

Ochoa

"Família originária de Navarra, que se diz ter passado a Portugal na pessoa de Martim Henriques de Ochoa, que veio na companhia do Conde D. Henrique.

As armas desta família são as seguintes: De prata, com dois lobos passantes, um sobre o outro, de azul. Timbre: um lobo do escudo."



In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

domingo, 8 de julho de 2012

Franca

"Parece que não há só uma família deste apelido, em Portugal. Há uma família de origem genovesa, que se supõe principiar em Lançarote da França (ou de Franqui), que alcançou o reinado de D. João I e casou com D. Leonor de Abreu, filha de Lopo Vaz de Castelo-Branco, monteiro-mor do mesmo Rei. Estes foram os progenitores de uma família dos Francas.

Os Francas, de Portugal, usam as seguintes armas: De prata, com quatro palas de verde e uma banda, atravessante sobre o todos, entrecambada. Timbre: duas lanças de prata, hasteadas de verde, passadas em aspa."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

sábado, 7 de julho de 2012

Crato

"Ignora-se a origem desta família, que tirou o apelido da vila de Crato, no Alentejo, em cuja província viveu na primeira metade do século XVI Belchior do Crato. Este é a pessoa mais antiga do apelido que se conhece, sabendo-se que era primo do irmão da mulher de Álvaro Mexia, de Isabel Vaz, mulher de Rui Gonçalves de Castelo-Branco, e de Brites Belo, mulher de Diogo de Barros. Viveu em Portalegre e foi casado com Ana Gonçalves de Basto, de quem teve diversos filhos que seguiram o apelido paterno

Usam por armas: De ouro, com cinco torres de vermelho, postas em cruz."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Braga

"É mal conhecida a origem desta família que, segundo se supõe, tomou o apelido da cidade de Braga. A pessoa mais antiga que se encontra com ele é Gonçalo Esteves de Braga, que viveu no reinado de D. Fernando. Possuí bens em Coimbra, que o Rei deu por Carta de 6 de Outubro de 1369, a João Gonçalves Cerveira, para ele e seus descendentes.

Usam as seguintes armas: De vermelho, com uma torre de prata aberta e iluminada de negro. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Borja

"Família espanhola de grande categoria, que passou à Itália, tomando ali o seu apelido a forma Bórgia. Em Portugal um dos mais notáveis membros desta família, que depois foi elevado aos altares como S. Francisco de Borja, casou com D. Leonor de Castro, filha de D. Álvaro de Castro, senhor de Torrão, e de D. Isabel de Melo, e um filho do Duque santo, D. João de Borja, Conde de Ficalho, também se recebeu, em segundas núpcias, com uma portuguesa, D. Francisca de Aragão, filha de Nuno Rodrigues Barreto, senhor da Quarteira e alcaide-mor de Faro, e de D. Isabel de Melo, da qual deixou ilustre descendência.

As armas usadas pelos Borjas são: De ouro, com boi passante de vermelho: bordadura de verde carregada de oito flamas de ouro. Timbre: o boi do escudo."



In: Armorial Lusitano: Afonso Eduardo Martins Zúquete

Beja

"Desconhece-se a origem desta família, sabendo-se apenas que tirou a sua designação da cidade de Beja. Já existiam pessoas deste apelido no reinado de D. Dinis como: Pedro Esteves de Beja, bom cavaleiro, privado do mesmo soberano e meirinho-mor da província de Entre Douro e Minho; Gomes Lourenço de Beja, valido do mencionado Rei e comendador-mor da Ordem de Sant'Iago; e João Domingues de Beja, escrivão da Puridade de D. Dinis e seu porteiro-mor, conselheiro e vassalo de D. Afonso IV, com quem esteve na batalha do Salado. João Domingues de Beja era filho de Domingues Pais de Beja, reposteiro-mor do Lavrador.

As armas dos Bejas são: Do vermelho, com cruz de ouro cantonado de quatro flores-de-lis do mesmo. Timbre: uma aspa de vermelho carregada em chefe de duas flores-de-lis de ouro.



Outros trazem por armas: Esquartelado; o primeiro e o quarto de vermelho, com cruz de ouro cantonada de quatro flores-de-lis do mesmo; o segundo e o terceiro,  com uma águia estendida de púrpura. Timbre: a águia do escudo com uma flor-de-lis de ouro no peito."



In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Batalha

"Ignora-se a origem desta família. Parece que em Portugal existem algumas linhagens do mesmo apelido com proveniências diversas e nacionalidades diferentes.

Sabe-se que já na primeira metade do século XVIII usavam as seguintes armas, bastante parecidas com as de uma família da Borgonha, chamada Bataille de Mandelot: De azul, com três flamas de ouro, relançadas de vermelho. Timbre: uma flama do escudo"



In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Almada

"Parece que foi Joane Anes de Almada, servidor dos Reis D. Afonso IV, D. Pedro I e D. Fernando I, quem principiou a usar este apelido, e que descendia de algum dos fidalgos ingleses que ajudaram D. Afonso Henriques na conquista de Lisboa, por cujo motivo lhes deu o mesmo príncipe o lugar de Almada.

Notabilizaram-se os Almadas por muitos feitos de valor, sobressaindo nesta família o grande patriotismo de que sempre deu provas.

João Vaz de Almada, que serviu D. João I, cavaleiro da Ordem da Jarreteira, assim como seu filho, D. Álvaro Vaz de Almada, morto na batalha de Alfarrobeira, em companhia do Infante D. Pedro, de quem era partidário e amigo, e D. Antão de Almada, um dos quarenta conjurados que ajudaram a sacudir o jugo castelhano e a restaurar o trono português, simbolizam as virtudes guerreiras e o amor à Pátria da família que tão bem soube defende-la e honrá-la.

De Álvaro Vaz de Almada, Conde de Avranches, em França, e de sua primeira mulher, D. Isabel da Cunha, provieram os Abranches.

D. João Ribeiro Gaio, Bispo de Malaca, fez aos Almadas e Abranches a seguinte quintilha:

Dos Almançores temidos,
das batalhas vencedores,
em suma embaixadores,
na paz melhor vestidos,
nas Hespanhas os melhores.

As armas que os deste apelido usam em Portugal e Espanha são: De ouro, com banda de azul, carregada de duas cruzes florenciadas e vazias de ouro, acompanhada de duas aguietas estendidas de vermelho, armadas e sancadas de negro. Timbre: uma aguieta do escudo."



In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Camões

"Família galega de que o primeiro em Portugal foi Vasco Peres de Camões, que veio servir o Rei D. Fernando, cujo partido tomara nas pretensões que teve à Coroa de Castela contra D. Henrique, o Bastardo. D. Fernando lhe deu, por tal motivo, as alcaidarias-mores de Portalegre e Alenquer, diversas vilas e as herdades e terras que a sua irmã, a Infanta D. Beatriz, possuía em Estremoz, perdendo quase tudo por seguir o Rei de Castela D. João I, quando quis apossar-se da Coroa portuguesa. Na batalha de Aljubarrota, onde se encontrava com seu primo Aires Pires de Camões, que também viera para Portugal em serviço de D. Fernando, ficou prisioneiro e este morto. Do seu matrimónio com D. Mariana Tenreiro, filha de Gonçalves Tenreiro, capitão-mor da armada de Portugal em tempo de D. Fernando, e de Maria Fernandes, teve diversos filhos por quem se continuou o apelido de Camões.

As suas armas são: De verde, com uma serpe de ouro, saiante em pala de entre dois penhascos de prata. Timbre: a serpe do escudo, sainte."



In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Calatayud

"Família espanhola que procede de Rodrigo Sanches Zapata de Catalayud e de Iria Ximenes, pessoas de antiga nobreza, apelido tomado da cidade de Calatayud, no Reino de Aragão. Passou a Portugal ao serviço de D. Leonor, mulher do rei D. Manuel, João de Calatayud, que casou neste reino com D. Constança Soares de Figueiroa, senhora castelhana que também veio com a mesma princesa no ofício de camareira-menor. Deste matrimónio nasceram vários filhos que usaram o apelido Calatayud, um dos quais foi porteiro-mor de D. Sebastião. Dos restantes só um passou a Castela, onde se recebeu e viveu, deixando geração.

As armas que usam são: De vermelho, com uma sapata xadrezada de prata e negro; bordadura cosida do primeiro, carregada de oito esmaltes de ouro, cada escudete com uma banda de negro."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Miranda

"Provém esta família de Afonso Pires de Charneca, cidadão principal de Lisboa, dos que ajudaram D. João I no começo do seu reinado e um dos cinco companheiros que D. Nuno Alvares Pereira tomou quando desafiou D. João Ansores. Foi também, um dos quatro que os de Lisboa escolheram e o Condestável tomou para o seu conselho. Teve o senhorio das Alcáçovas e de outras terras e, também, dos lagares de El-Rei em Lisboa, os quais lhe oram dados pelos serviços que prestou.

Afonso Pires recebeu-se com Constança Esteves, de quem houve, entre outros, a Martim Afonso de Charneca, o qual andou em demanda com seu irmão Afonso Rodrigues muito tempo sobre quem havia de herdar as Alcáçovas e os lagares de El-Rei, cabendo-lhes tudo por mandado de D. João I, se bem que era clérigo. Foi enviado por embaixador a França, de onde se diz trouxe uma senhora francesa, que outros pretendem ser castelhana e chamar-se D. Mécia Gonçalves de Miranda, da qual houve filhos que tomaram o seu apelido por a sua muito nobre linhagem. Foi arcebispo de Braga e instituiu dois vínculos, que deixou aos dois filhos mais velhos. O Rei lhe doou S. Cristóvão de Lisboa, onde fez uma capela para o vínculo principal, em cujo compromisso mandou que seus descendentes se chamassem Mirandas. Sepultou-se na referida capela. Seus foram Martim Afonso de Miranda, rico-homem, senhor do morgado da Patameira, junto de Torres Vedras, instituído por seu pai, o qual se recebeu com D. Genebra Pereira, filha de Aires Gonçalves de Figueiredo, com geração; Fernão Gonçalves de Miranda, senhor do segundo morgado instituído por seu pai, rico-homem, casado com D. Branca de Sousa, filha de Afonso Vaz de Sousa, com geração; D. Margarida de Miranda, primeira mulher de D. Pedro de Meneses, 2º Conde de Viana, com geração; D. Leonor de Miranda, mulher de Aires Gomes da Silva, com geração; e D. Maria de Miranda, primeira mulher de Gonçalo Pereira de Riba de Vizela, com geração.

O bispo de Malaca, D. João Ribeiro Gaio, escreveu os seguintes versos, dedicados a esta família:

Aspa trazem colorada
os que tiveram Miranda
e aquela nobre Aranda
sobre ouro atravessada
com flores de lis em banda.

As armas dos Miranda são: De ouro, com aspa de vermelho, acompanhada de quatro flores-de-lis de verde. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Almeida

"Provêm os Almeidas de Fernão Canelas, senhor das quintas do Pinheiro e de Canelas, na freguesia de Mangualde, pai de João Fernandes de Almeida, que pelos anos de 1223 a 1245 fundou no julgado de Azurara da Beira, hoje concelho de Mangualde, uma aldeia, denominada Almeida, em 1258, da qual tomou o apelido, que transmitiu aos seus descendentes.

João Fernandes de Almeida foi também senhor das quintas do Pinheiro e de Canelas. A aldeia de Almeida no século XVII passou a chamar-se Almeidinha, lugar que deu nome ao título de Barão e Visconde, concedido aos Amarais Osórios.

Foi a dos Almeidas uma das mais preclaras famílias do Reino, deixando imorredoura memória nos feitos do Vice-Rei da Índia D. Francisco de Almeida, na bravura do alferes-mor Duarte de Almeida, na batalha de Toro, na inteligência da Marquesa de Alorna e nas incontáveis acções com que tantos ilustraram a História de Portugal, no Continente e na Índia.

João Rodrigues de Sá, senhor de Matosinhos, cantou os Almeidas nestes versos:

Nos douro seys arrivelas
em seus escudos pintados
do sangue honrrados perlados
sempre vimos dentro delas,
& outros leygos destacados;


Dalmeyda, que jaa fez cumes,
deu, & ajuda daa lumes
destado, & de senhorio
Abrantes, Crato, & quem Dio
vyo desbaralar os rumes.

Trazem por armas: De vermelho, com dobre-cruz acompanhada de seus besantes, tudo de ouro; e bordadura da mesma. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Aguiar

"Da antiga e ilustre família dos Guedes procedeu a dos Aguiares, que tomou o apelido do senhorio de Aguiar, na província de Trás-os-Montes, e o primeiro a usa-lo foi D. Mendo Peres de Aguiar, que casou com D. Maior Garcia de Portocarreiro e viveu em tempo de D. Afonso Henriques, dele vindo os que se assim chamaram. Desta família saiu a dos Aguilares, muito qualificada em Espanha.

Tanto no Continente como nas Ilhas teve larga expansão, mantendo sempre honrada nobreza, que procurou consolidar com acções dignas dos feitos dos seus maiores.

D. João Ribeiro Gaio, bispo de Malaca, cantou os Aguiares na seguinte trova:

D'Aguiar foram senhores
Verdadeiros e leais
De antigos antecessores
Mas não tiveram mais
Por pertencer a Aguiares

Manuel de Sousa da Silva, insigne linhagista, a seu respeito escreveu esta quintilha:

Desse Dom Guêda antigo
Tem os de nome honrado
De Aguiar sublinhado
Por terem o seu abrigo
N'esta terra assim chamada.

As armas que usam são: De ouro, com águia estendida de vermelho, bicada e sancada de negro. (...)"



In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

domingo, 1 de julho de 2012

Pamplona

"Família originária da Navarra, cujo apelido tomou da sua capital, a cidade de Pamplona, e tem solar em Trujillos. Passou a Portugal na pessoa de Vasco Pamplona, pai de Pedro Vaz Pamplona, morador na cidade do Porto em 1504, casado com Catarina Martins, de quem teve D. Maria Vaz Pamplona, senhora da casa de seu pai e casada com João Álvares, que no ano de 1525 instituiu a capela no mosteiro de S. Domingos, do Porto, filho de Álvaro Afonso Dinis, que viveu na referida cidade nos reinados de D. João I, D. Duarte e D. Afonso V e nela foi vereador em 1428,  neto paterno de Afonso Martins. Deste matrimónio com João Álvares, senhor do Paço de Beire, houve D. Maria Vaz geração, pela qual se propagou o apelido de Pamplona.

Ao ilustre genealogista do século XVII, Manuel de Sousa da Silva, se devem os seguintes versos em honra desta família:

Lá em Navarra Tadella
Foi patria do singular
Que por Pamplona livrar
Tem os seus nomes della
Vem para o Porto morar.

As suas armas são: De vermelho, com seis faixas de ouro. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Ourém

"Família de origem desconhecida, cujo apelido deve ter tomado da vila de seu nome.

Atribuem-se-lhe as seguintes armas: De prata, com uma águia estendida de negro, armada de vermelho. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

sábado, 30 de junho de 2012

Távora

"A linhagem dos Távoras é das mais antigas e chegou ao reinado de D. José I, quando o apelido foi extinto por lei, com representação sem quebra de varonia, caso raro. Os genealogistas dizem que os Távora descendem do rei de Leão D. Ramiro II e de D. Artiga, que lhe dão por terceira mulher, informando que anteriormente se chamava Zara e era irmã de Alboazar Alcocadão, senhor de Gaia, da qual aquele soberano houvera a D. Alboazar Ramires, casado com D. Helena Godins, filha de D. Godinho das Astúrias, pais de D. Hermingo Alboazar, marido de D. Dordia Osores, de quem teve a D. Rosendo Hermingues, povoador e senhor da beatria de Távora, famoso guerreiro, o qual se recebeu com D. Urraca Afonso. D. Rosendo e sua mulher tiveram vários filhos, entre eles D. Tedon Rosendes, senhor de Távora, que contraiu matrimónio com D. Sancha Mendes, que teve terras até então incultas, onde fez quinta em que se originou a povoação de Granja do Tejo. Sucedeu-lhe seu filho D. Ramiro Tedóniz, senhor de Távora, e sucessivamente, de pais a filhos, D. Pedro Ramires, senhor de Távora e fundador do mosteiro de S. Pedro das Águias, D. Ramiro Pires, senhor de Távora, Pedro Ramires, que teve o mesmo senhorio, e Lourenço Pires de Távora, sucessor de seus maiores e senhor das vilas de Paradela, Valença e Castanheiro e do couto de S. Pedro das Águias, cujo padroado pertencia à família. Casou este Lourenço Pires de Távora com D. Guimar Rodrigues, filha de Rui Pais de Gares, de quem houve geração propagadora do apelido, cujo uso uma lei proibiu depois do atentado contra o Rei D. José I.

O bispo de Malaca, D. João Ribeiro Gaio, dedicou aos Távoras estes versos:

As ondas de Távora são
de sangue azul mudadas
derramadas dos que estão
em S. Pedro já
sendo desta geração.

As armas que lhes pertencem e das quais estiveram privados pela lei, são: De prata, com cinco faixas ondadas de azul. (...)

Os marqueses de Távora (anteriormente Condes de S. João da Pesqueira, e Condes de Alvor) trouxeram as suas armas pelo modo seguinte, que vários ramos usaram: De prata, com cinco faixas ondadas de azul, a do meio carregada de um golfinho de prata; bordadura do campo, carregada das palavras Quasqunque findit, em letras de negro. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Joanes

"Patronímico de João, assim como Anes, Eanes e Enes, pelo que a sua origem é vária. Os descendentes de Domingos Joanes, que viveu em Oliveira do Hospital, não se chamaram Joanes, mas, como este era o único apelido daquele, além do nome de baptismo, assim ficou registado nos livros de brasões de armas. A estátua deste cavaleiro encontra-se na capela dos Ferreiros, fundada por ele e sua mulher, na vila de Oliveira do Hospital. É equestre e ele está vestido de armas, empunhando maça, tem suspenso do ombro o escudo, onde se vêem as suas armas. Estas são: De azul, com aspa de prata acompanhada por quatro flores-de-lis de ouro. A aspa do escudo, com uma das flores-de-lis entre os braços superiores. Foram estas armas concedidas por Carta de 23 de Abril de 1515 ao seu quarto neto, Fr. André do Amaral, do Conselho do Rei D. Manuel, chanceler-mor e embaixador de Rodes, comendador de Vera Cruz. Por tal motivo alguns, erradamente, as descrevem como sendo do apelido Amaral."




In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Sarcide

"Família irlandesa que veio para Portugal na pessoa de Roberto Sarcide, o qual fez assento em Lisboa e provando ser fidalgo e descender da linhagem do seu apelido teve Carta de brasão de armas de sucessão, passada a 21 de Junho de 1524, para si e seu filho.

As armas atribuídas a este apelido são as seguintes: De arminhos, com cruz de vermelho."



In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Guerra

"Há duas famílias deste apelido em Portugal, uma das quais originária das Astúrias, onde é o seu solar. Desta veio para Portugal Sebastião Rodrigues da Guerra, fidalgo ilustre da Galiza, que viveu na Beira, casado com Isabel Rodrigues, sendo ascendente dos Guerras da vila de Linhares e de outras partes da mesma província. Parece que também outros da mesma família vieram para o nosso país.

Outros Guerras provêm do Rei de Portugal D. Pedro I e de D. Inês de Castro, filha bastarda de D. Pedro Fernandes de Castro, o da Guerra, senhor de Lemos, Sarria e Trastamara, rico-homem e mordomo-mor de D. Afonso XI de Castela, adiantado-mor da fronteira e pertigueiro-mor da terra de Santiago, e de D. Aldonça Soares de Valadares, filha de D. Lourenço Soares de Valadares, rico-homem e fronteiro-mor de Entre Douro e Minho, e de sua mulher, D. Sancha Nunes de Chacim. Seu filho, o Infante D. João, senhor da terra e julgado de Lafões, das vilas de Seia e de Porto de Mós, de Gulfar, Sátão, Penalva, Rio de Moinhos, Besteiros, Sever, Fonte Arcada, Benviver, Moimenta, Armamar, Tanha, Riba de Vizela, Figueiredo, Aguiar da Beira, Cerquiz, Oliveira do Conde, Oliveira do Bairro, com suas jurisdições e rendas, e, também de Gouveia, o qual por seu segundo casamento com D. Constança, filha bastarda de D. Henrique de Castela e de D. Elvira Iñiguez de la Vega, teve o condado de Valência e outras terras. Houve três filhos ilegítimos: D. Afonso de Cascais, D. Paio da Guerra e D. Fernando de Eça. D. Pedro da Guerra recebeu-se com D. Teresa de Andeiro, filha de D. João Fernandes de Andeiro, Conde de Ourém, não se sabendo se foi desta mulher que deixou descendência, na qual continuou o apelido de Guerra, proveniente da alcunha posta a D. Pedro Fernandes de Castro, pai de D. Inês de Castro.

Os Guerras, de que primeiro se tratou, usam por armas: De verde, com uma torre de prata, assente sobre chamas, que a envolvem; bordadura de ouro, carregada da legenda AVE MARIA GRATIA PLENA, de negro. (...)


Os Guerras descendentes do Infante D. João trazem por armas as mesmas que os Eças (v. Eça)"

In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete


domingo, 10 de junho de 2012

Casado

"Família de origem castelhana que provém dos Palomaques. Gomes Peres Palomeque, que se supõe pertencer à linhagem dos Carrilhos, foi pai de Diego Gomes Palomeque, casado com D. Teresa de Toledo. Este foi adiantado de Carçola no ano de 1299 e primeiro senhor de vila de Garcies e da torre de S. Tomé, no termo de Jaen, e alcaide-mor da vila e castelo de Quesada, junto de Baeça, no bispado de Córdova, cuja torre comprou para nela fazer fortaleza que defendesse os Cristãos dos Mouros que os perseguiam naquela região. Pedro Dias Carrilho casou com D. Teresa Rodrigues de Biedma, filha de Rodrigo Iñigues de Biedma e de D. Joana Dias de Tunes, da qual teve Diego Sanches de Quesada, 2º senhor da vila de Garcies e da Torre de S. Tomé, pelos tempos de D. Afonso XI de Castela e de seu filho, D. Pedro, o Cruel, a quem seguiu, passando a Portugal, quando se fizeram as pazes. Dele foi filho, entre outros, Ponce Dias de Quesada, morto no concelho de Aguiar com mais fidalgos por D. Pedro, o Cruel, Rei de Castela no ano de 1353, motivo por que seus filhos saíram de Castela, vindo para Portugal Lopo Dias de Quesada, que neste Reino foi agasalhado com honra. Estabeleceu-se no Porto e do seu matrimónio teve Martim Dias de Quesada, que viveu na mesma cidade, onde foi cidadão. Deste nasceu João Casado, também cidadão do Porto, onde morou nos reinados de D. Duarte e de D. Afonso V. Passou a Viana do Castelo e aí recebeu com D. Maria Gomes Madriz, filha de D. Gomes Madriz, comendatário de S. Romão de Neiva. Foram estes os troncos dos Casados, corrupção de apelido e origem.

As armas dos Casados são as mesmas dos Quesadas, a saber; De vermelho, com quatro palas carregadas, cada uma, de seis pontos de arminho, de negro."



In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Carducho

"Família italiana que passou a Portugal, transformando o apelido originário - Carducci.

As suas armas são: Faixado de prata e de azul, com uma banda atravessante."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

sábado, 9 de junho de 2012

Botelho

"Procedem os Botelhos de D. Vasco Martins Mogudo e de sua primeira mulher, D. Elvira Vaques de Saverosa, por seu filho Martim Vasques Barba, nascido quando ainda vivia o primeiro marido desta senhora, D. Paio Soares de Valadares. Martim Vasques casou-se com D. Urraca ou Elvira Rodrigues, filha de Rui Peres de Ferreira e de D. Teresa Peres de Cambra, e dela teve Pedro Martins Botelho, João Martins Botelho e Alda Martins Botelho, que, primeiro, se recebeu com Fernão Reimão de Canhedo e, em segundas núpcias, com João Pires Alcoforado, o Tenro. Tanto Pedro Martins Botelho como seu irmão João Martins Botelho casaram e tiveram filhos que continuaram o apelido.

O erudito Bispo de Malaca D. João Ribeiro Gaio, cantou os Botelhos nos seguintes versos:

Com D.Vasques Mecia 
Afonso Botelho casou, 
de quem esta linha ficou 
o qual com grande valentia 
em Aguiar acabou.

Também Manuel de Sousa da Silva, notável genealogista, os não esqueceu, escrevendo esta quintilha:

Lá em Ariz de Ferreyra, 
De Aguiar no Concelho 
Ha o logar de Botelho 
Dos Botelhos a primeira 
Casa do Portugal velho.

As Armas que lhe pertencem são: De ouro, com quatro bandas de vermelha. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

domingo, 3 de junho de 2012

Barvança

"Desconhece-se a origem desta família, sabendo-se apenas que as suas armas já existiam antes de 1509 por se encontrarem registadas no Livro do Armeiro-Mor. Se bem que os livros de armas em geral lhe dêem por apelido Barvança, supõem-se que esta forma é antiquada, correspondendo a Barbança.

As suas armas são: De ouro, com cinco escudetes de vermelho. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

terça-feira, 29 de maio de 2012

Albernaz

"Família antiga, da qual se conhece no fim do século XIII e começo do seguinte D. Margarida de Albernaz, segunda mulher de Nuno Fernandes Cogominho, almirante do Reino em tempos de D. Dinis, almotacé-mor de D. Afonso IV e chanceler-mor de D. Pedro I, filho de D. Fernandes Cogominho e de sua mulher, D. Joana Dias.

D. Margarida de Albernaz e seu marido deixaram geração, procedendo deles os Cogominhos, e fundaram a capela de Nossa Senhora da Misericórdia na Sé de Lisboa, onde, em túmulo com figura jacente e as armas dos Albernazes e dos Cogominhos, jaz o corpo desta senhora.

No ano de 1378 instituiu um vínculo, que uniu à capela de Santo Estácio da Sé de Lisboa, Martim Afonso de Albernaz. Nos registos de D. João I também figura outro Albernaz, Álvaro Martins, dos Paços do Lumiar, talvez filho daquele, como faz supor o patronímico.

No tempo de D. Afonso V passou a Portugal Fernão Carrilho de Albernaz, que se casou com Maria Borges, de quem nasceu Fabião Borges de Albernaz, morador em Guimarães, pai de Diogo Borges de Albernaz, natural da mesma vila, que viveu na ilha da Madeira, onde deixou geração, e teve Carta de brasão de armas em 30-III-1538, e de Martim de Mesquita Borges, morador em Goa, que também tirou brasão de armas no ano de 1562.

As suas armas são: Esquartelado de azul e prata, com quatro carapeteiros de um no outro. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Albornoz

"Descende esta família de D. Fernão Gomes de Aça, rico-homem que vivia nos princípios do século XIII, segundo senhor de Albornoz, que herdou de seu pai, D. Gomes Garcia de Aça, senhor de Aça, Aylon e Roa e alferes-mor de Castela, que o houve em sua mulher D. Maria Garcia.

De D. Fernão Gomes de Aça foi filho legítimo D. Álvaro Fernandes de Albornoz, que sucede a seu pai no senhorio de que tomou apelido, o qual é uma aldeia situada no distrito de Cuenca, e foi também alcaide de Moya. Dele provêm os Albornozes de Espanha, de onde passaram a Portugal. Por causa de um crime veio para Portugal Pedro de Albornoz, fidalgo castelhano, parente muito próximo do cardeal D. Gil de Albornoz, bispo de Sevilha, o qual se casou em Portelo, junto de Lamego, com Catarina Teixeira, filha de Gaspar Teixeira, e nesse lugar ficou residindo e deixou geração.

Os Albornozes são das mais antigas e ilustres famílias da Espanha, pois provêm dos Laras, que têm por varonia sangue da casa real de Leão.

O bispo de Malaca, D. João Ribeiro Gaio, escreveu, acerca dos Albornozes:

Lá na mancha de Aragão 
de Vilhena Marquezado 
um cavaleiro afamado 
por armas tomou a mão 
e o senhorio do Condado.

Usam as seguintes armas: De ouro, com banda verde."


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

Albergaria

"É uma das mais antigas e distintas famílias de Portugal. Descendendo de D. Paio Delgado, que viveu na segunda metade do século XII e instituiu uma albergaria em Lisboa, que se supõe ficava na freguesia de S. Bartolomeu, a qual foi conhecida por albergaria de Paio Delgado, e dela tiraram apelido seus descendentes.

Do filho primogénito, Martim Pais, vieram os Rebelos, e do segundo, Pêro Pais, os Albergarias.

Esta família produziu varões muito ilustres, que deixaram na Índia grande memória das suas acções.

D. João Ribeiro Gaio, bispo de Malaca, escreveu dos Albergarias:

Dos godos a dianteira 
temidos da gente brava 
da de Castela fronteira 
a quem tomaram bandeira 
que trazem de Calatrava.

As suas armas são: De prata, com uma cruz florenciada e vazia de vermelho; bordadura do primeiro, carregada de doze escudetes de azul, cada um, de cinco besantes no campo. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

domingo, 27 de maio de 2012

Albuquerque

"Na família dos Meneses se originou a dos Albuquerques, uma das mais distintas de Portugal. Ao sangue esclarecido da linhagem de que proveio, juntou o de outras muito ilustres e o das casas reais de Castela e Portugal.

D. Afonso Teles de Meneses, filho de D. Telo Peres de Meneses e de sua mulher D. Gontrode Garcia de Vilamaior, foi segundo senhor de Meneses, Medelim, Monte Alegre e outras terras e o primeiro povoador de Albuquerque, vila de que também teve o senhorio. Morreu no ano de 1230 e foi supultado no mosteiro de Palaçuelas. Casou-se duas vezes: a primeira com D. Elvira, filha de D. Rodrigo Gonçalves Girão, rico-homem e senhor da casa dos Guirões, e de sua mulher, D. Maior, de cujo matrimónio deixou descendência que seguiu o apelido Girão; e a segunda vez com D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho I de Portugal, de quem teve D. João Afonso de Meneses, que sucedeu nos senhorios de seu pai e foi rico-homem e alferes-mor de D. Afonso III de Portugal, seu primeiro coirmão.

D. João Afonso de Meneses foi casado, mas é incerto o nome de sua mulher, pois três atribuem. Segundo o Conde D. Pecro chamava-se D. Elvira Gonçalves Girão, filha de Gonçalo Rodrigues Girão, da qual teve vários filhos que seguiram o apelido Meneses e entre eles D. Rodrigo Anes Telo de Meneses, que sucedeu a seu pai na casa e terras, e, tem tempo do Rei D. Afonso X de Castela, foi terceiro senhor de Albuquerque. Casou-se com D. Teresa Martins de Soverosa, filha de D. Martim Gil de Soverosa e de sua mulher, D. Inês Fernandes de Castro, de cujo matrimónio nasceu D. João Afonso de Albuqueruqe, o primeiro que usou este apelido, tirado da vila de que foi quarto senhor.

Sucedeu D. João Afonso em toda a casa de seu pai; foi muito bom cavaleiro, teve o título de Conde de Barcelos por Carta de 8-V-1298 e exercitou o ofício de mordomo-mor de D. Dinis. Fez testamento no ano de 1304. Casou-se duas vezes: a primeira com D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho IV de Castela, de quem deixou geração, em breve tempo extinta; a segunda, com D. Maria Coronel, filha de D. Pedro Coronel, ficando desde matrimónio D. Teresa Martins, que alguns autores dizem ser filha da primeira mulher, a qual se recebeu com D. Afonso Sanches, filho bastardo de D. Dinis e de D. Aldonça Rodrigues Telha.

De D. Teresa Martins e de seu marido provêm os Albuquerques, a quem João Rodrigues de Sá nas suas coplas, dedicou a seguinte:

As çinquo flores de lyx
com quinas em quarteirão 
os Albuquerques trarão,
os que del rei dom Denys 
trazem sua geração. 

E por tocar tão estado 
bem merele ser honrrado 
sangue que tem tal mistura 
per tão honrrado natura 
dyno de ser nomeado.

As armas antigas eram: De vermelho, com cinco flores-de-lis de ouro. (...)



Modernamente usa: Esquartelado; o primeiro quarto e o quarto, de prata, com cinco escudetes de azul postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes de prata, em sautor; o segundo e terceiro, de vermelho, com cinco flores-de-lis de ouro postas em sautor. (...)



O primeiro e o quarto quarteis nem sempre se apresentam em Portugal antigo, mas com bordadura de vermelho carregada de sete castelos de ouro e com filete negro em barra. Esta forma, posto que muito divulgada, é, porém, menos correta do que a anterior. Ainda no século XVIII se usavam as armas antigas dos Albuquerques, talvez por inadvertência do rei de armas, e com elas se passou, pelo menos, uma carta de brasão. Os senhores de Albuquerque traziam por armas: De prata, com cruz de vermelho carregada de cinco castelo de ouro e acompanhada de vinte escudetes de azul, postos cinco em cada cantão, dispostos em cruz, com os dos lados apontados ao centro, e cada um deles carregado de dez besantes do campo, 3, 2, 3 e 2."

In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete