domingo, 27 de maio de 2012

Albuquerque

"Na família dos Meneses se originou a dos Albuquerques, uma das mais distintas de Portugal. Ao sangue esclarecido da linhagem de que proveio, juntou o de outras muito ilustres e o das casas reais de Castela e Portugal.

D. Afonso Teles de Meneses, filho de D. Telo Peres de Meneses e de sua mulher D. Gontrode Garcia de Vilamaior, foi segundo senhor de Meneses, Medelim, Monte Alegre e outras terras e o primeiro povoador de Albuquerque, vila de que também teve o senhorio. Morreu no ano de 1230 e foi supultado no mosteiro de Palaçuelas. Casou-se duas vezes: a primeira com D. Elvira, filha de D. Rodrigo Gonçalves Girão, rico-homem e senhor da casa dos Guirões, e de sua mulher, D. Maior, de cujo matrimónio deixou descendência que seguiu o apelido Girão; e a segunda vez com D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho I de Portugal, de quem teve D. João Afonso de Meneses, que sucedeu nos senhorios de seu pai e foi rico-homem e alferes-mor de D. Afonso III de Portugal, seu primeiro coirmão.

D. João Afonso de Meneses foi casado, mas é incerto o nome de sua mulher, pois três atribuem. Segundo o Conde D. Pecro chamava-se D. Elvira Gonçalves Girão, filha de Gonçalo Rodrigues Girão, da qual teve vários filhos que seguiram o apelido Meneses e entre eles D. Rodrigo Anes Telo de Meneses, que sucedeu a seu pai na casa e terras, e, tem tempo do Rei D. Afonso X de Castela, foi terceiro senhor de Albuquerque. Casou-se com D. Teresa Martins de Soverosa, filha de D. Martim Gil de Soverosa e de sua mulher, D. Inês Fernandes de Castro, de cujo matrimónio nasceu D. João Afonso de Albuqueruqe, o primeiro que usou este apelido, tirado da vila de que foi quarto senhor.

Sucedeu D. João Afonso em toda a casa de seu pai; foi muito bom cavaleiro, teve o título de Conde de Barcelos por Carta de 8-V-1298 e exercitou o ofício de mordomo-mor de D. Dinis. Fez testamento no ano de 1304. Casou-se duas vezes: a primeira com D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho IV de Castela, de quem deixou geração, em breve tempo extinta; a segunda, com D. Maria Coronel, filha de D. Pedro Coronel, ficando desde matrimónio D. Teresa Martins, que alguns autores dizem ser filha da primeira mulher, a qual se recebeu com D. Afonso Sanches, filho bastardo de D. Dinis e de D. Aldonça Rodrigues Telha.

De D. Teresa Martins e de seu marido provêm os Albuquerques, a quem João Rodrigues de Sá nas suas coplas, dedicou a seguinte:

As çinquo flores de lyx
com quinas em quarteirão 
os Albuquerques trarão,
os que del rei dom Denys 
trazem sua geração. 

E por tocar tão estado 
bem merele ser honrrado 
sangue que tem tal mistura 
per tão honrrado natura 
dyno de ser nomeado.

As armas antigas eram: De vermelho, com cinco flores-de-lis de ouro. (...)



Modernamente usa: Esquartelado; o primeiro quarto e o quarto, de prata, com cinco escudetes de azul postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes de prata, em sautor; o segundo e terceiro, de vermelho, com cinco flores-de-lis de ouro postas em sautor. (...)



O primeiro e o quarto quarteis nem sempre se apresentam em Portugal antigo, mas com bordadura de vermelho carregada de sete castelos de ouro e com filete negro em barra. Esta forma, posto que muito divulgada, é, porém, menos correta do que a anterior. Ainda no século XVIII se usavam as armas antigas dos Albuquerques, talvez por inadvertência do rei de armas, e com elas se passou, pelo menos, uma carta de brasão. Os senhores de Albuquerque traziam por armas: De prata, com cruz de vermelho carregada de cinco castelo de ouro e acompanhada de vinte escudetes de azul, postos cinco em cada cantão, dispostos em cruz, com os dos lados apontados ao centro, e cada um deles carregado de dez besantes do campo, 3, 2, 3 e 2."

In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

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