sábado, 26 de maio de 2012

Matos

"Família das mais antigas de Portugal, pois descende dos reis de Leão, por D. Hermingo Alboazar, senhor do castelo de Távora, e de sua mulher, D. Dórdia Osores, de quem foi filho D. Egas Hermingues. Este D. Egas, bisneto por varonia de D. Raimundo II de Leão, casou com D. Gontinha Eriz, filha de D. Ero, Conde de Lugo e um dos maiores senhores do seu tempo. Pelo seu grande valor, foi D. Egas Hermingues chamado o Bravo. Fundou o mosteiro do Freixo, com a sua mulher, de quem teve D. Paio Viegas, herdado no concelho de Argos, comarca de Lamego, onde fez a quinta de Matos, na qual viveu. Do seu matrimónio nasceu D. Hermingo Pais de Matos, sucessor da casa paterna e primeiro de apelido, que tomou da quinta cujo senhorio tinha. Foi também senhor das quintas do Amaral e de Cardoso e muito devoto do mosteiro de Santa Cruz, de Coimbra, pelo que os cónegos regrantes de Santo Agostinho lhe deram carta de seu familiar, a fim de poder lograr as indulgências concedidas pelos Papas aos familiares da ordem. No livro dos óbitos do mesmo mosteiro, chamando-se-lhe «familiaris Sactae Cruci» se refere a sua morte, ocorrida com as nonas de Novembro. Teve do seu casamento vários filhos, dois dos quais foram, respectivamente, progenitores dos Amarais e dos Cardosos, por lhes terem cabido os senhorios das quintas do Amaral e de Cardoso, de que tomaram os seus apelidos.

O filho mais velho, Paio Hermingues de Matos, sucedeu no senhorio da quinta de Matos e no da de Rousais, viveu em tempo de D. Sancho II e D. Afonso III, foi senhor do casal de Neomais, trazendo as referidas quintas por honra, como se vê das Inquirições, em que se lhe chama miles, e tinha muitas herdades compradas a Martim Anes, João Moniz, João Gonçalves e Pedro Feio, situadas em Ruivães, termo de Vila Boa, e na de Santa Maria. Do seu matrimónio houve geração que propagou o apelido Matos.

Manuel de Sousa da Silva deixou, em louvor desta família, os seguintes versos:

O lugar de Matos tem, 
de Aregos no julgado 
o solar assinalado 
de Matos, e dele vem 
todo o seu gremio honrado.

As armas usadas pelos deste apelido são: De vermelho, com um pinheiro de verde, arrancado de prata, sustido por dois leões de ouro, armados e lampassados de azul, afrontados. (...)"


In: Armorial Lusitano, Afonso Eduardo Martins Zúquete

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